Reforma no código de ética do Partido dos Trabalhadores deve causar polêmicas
Publicado 27/01/2009
A direção nacional do PT abriu ontem as discussões da reforma no Código de Ética do partido, tema que promete render debates acalorados em Brasília e nos Estados porque mexe diretamente com caciques nacionais e regionais petistas. As mudanças, propostas pelo deputado federal José Eduardo Cardozo (SP), criam uma série de novas regras para os membros da legenda, como a proibição de acumulação de cargos na administração e na direção partidária (
As mudanças são uma reação à onda de críticas contra o PT, desencadeada pelo escândalo do mensalão, denúncia de compra de votos de parlamentares. Por isso, as novas regras em discussão estabelecem punição para petistas que usarem caixa 2 em campanhas eleitorais e tornam obrigatória a divulgação das despesas no pleito. Também apertam o cerco à infidelidade partidária, com a proibição de filiações em massa e a previsão de que o mandato eletivo é da legenda e não do filiado.
Goiás
A expectativa dos dirigentes regionais petistas é de que as novas regras sejam colocadas em debate nos Estados. A proibição ao exercício simultâneo de cargo público afeta dirigentes nacionais como Marco Aurélio Garcia, assessor da Presidência da República e vice-presidente nacional petista. Em Goiás, a nova regra afeta pelo menos quatro dirigentes das executivas metropolitana e estadual do PT. Entre eles está o vice-prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, que ocupa o quadro de vogal na legenda. Caso a regra seja aprovada, ele teria de optar por uma das funções.
A regra afeta ainda dois auxiliares petistas do prefeito Iris Rezende (PMDB): Luiz Alberto de Oliveira, secretário de Planejamento e presidente do diretório metropolitano petista, e Neyde Aparecida, titular do Desenvolvimento Econômico e secretária-Geral do PT de Goiás. Poderá ter de optar ainda entre o cargo público e a função partidária Ceser Donisete, vice-presidente do PT regional e chefe-de-Gabinete do prefeito de Anápolis, Antônio Gomide.
“As regras não devem ser aprovadas sem antes passar pelo crivo dos diretórios regionais”, disse ontem Luiz Alberto. “São mudanças abrangentes, que precisam ser discutidas amplamente”, defendeu o secretário de Planejamento. Para o deputado federal Rubens Otoni, que presidiu o PT regional, a proposta em discussão na direção nacional não deve ser aprovada sem mudanças. “São várias visões diferentes sobre as mudanças. Sem dúvida haverá um debate profundo sobre elas”, diz o deputado.
Acerca da proibição de acumulação de cargos públicos e direção partidária, Otoni afirma que é “adequada”, porque “dá a outros membros do partido a oportunidade de participação interna”. “O mais importante é que o partido está aberto a essa discussão, que prevê a padronização de condutas no PT”, avalia.
A reforma prevê ainda a proibição de contratação de parentes que pertençam a instâncias partidárias semelhantes e votar contra as posições das bancadas petistas nos Legislativos. Obriga ainda os petistas sob investigação a abrir de imediato seus sigilos fiscal e bancário. (Com Folhapress)