PT define centro da tática
Publicado 18/01/2015
- eeleição de João Gomes é estratégica, diz Ceser Donisete
- Presidente da sigla defende aliança com Maguito Vilela
- Dirigente espera dobrar número de prefeitos e vices, em 2016
- Cardeal acha que o PT deve tomar mandato de Marta Suplicy
Renato Dias, Da editoria de Política&Justiça
O centro da tática do PT, hoje, é a reeleição do prefeito de Anápolis, João Gomes, a celebração de uma aliança com Maguito Vilela em Aparecida de Goiânia para 2016 e a recuperação econômica e financeira da administração de Goiânia. É o que revela ao Diário da Manhã o presidente da sigla no Estado, advogado Ceser Donisete Pereira, da tendência PT Pra Vencer.
O dirigente afirma que a legenda pretende dobrar o número de prefeitos nas próximas eleições. O partido elegeu 17, em 2012, mas expulsou dois, em 2014, por infidelidade partidária, explica. A meta é pular de 30 para 60 o número de vices, ampliar a quantidade de vereadores e consolidar, com a criação de diretórios municipais, em mais 80 cidades de Goiás, observa.
De linhagem socialdemocrata, ele critica o conceito de Estado Mínimo que supostamente teria inspirado a reforma administrativa do governo do Estado. Ele defende, porém, uma reengenharia do Paço Municipal para equilibrar as finanças públicas e promover a retomada das obras, serviços e programas do prefeito da Capital,o também petista Paulo de Siqueira Garcia
O presidente do PT Estadual condena os ataques da senadora Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo e ex-ministra da Cultura, tanto à presidente da República, Dilma Rousseff, quanto ao ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Se ela sair do PT, é necessário tomarmos o seu mandato parlamentar, dispara. Luiz Inácio Lula da Silva é o nome natural para 2018, avisa.
Animado, ele explica que em um governo de coalizão é preciso ceder espaços e rebaixar o programa. Joaquim Levy, homem de mercado, Kátia Abreu, porta-voz do agronegócio, e Nelson Barbosa, um pragmático, irão colaborar de forma efetiva para o sucesso do segundo mandato de Dilma Rousseff e colocar a economia e os gastos públicos nos trilhos, desabafa o petista.
Secretário de Comunicação Social da Prefeitura de Anápolis, ele nega que tenha intenção de ocupar a vice de João Gomes, quando 2016 vier. O PT fez alianças políticas e eleitorais com 13 partidos em 2012, a ideia é ampliá-las no ano que vem e é natural, em política, que a vice seja cedida a um aliado. Mas pode ser do PT também, desconversa o velho militante vermelho.
A Prefeitura de Anápolis fará um ajuste em suas contas públicas, relata. João Gomes determinou um corte de 9% nas despesas e gastos das secretarias e unidades de governo, adianta. A gestão pretende ainda celebrar parcerias e convênios com os governos federal e estadual. Governo não faz oposição a governo, acredita. O foco é o atendimento ao cidadão, discursa.
A análise da notícia
Legenda não consegue quebrar a polarização entre PSDB e PMDB
Apesar de o PT ocupar a sala principal do Palácio do Planalto há exatos 12 anos, a estrela vermelha em Goiás não conseguiu ainda obter capilaridade social nos 246 municípios do Estado e está longe de constituir-se em alternativa real de poder à polarização histórica entre o PSDB e o PMDB.
É o que apontam os resultados eleitorais das eleições de 2014 e mesmo de 2012. Em 5 de outubro, Antônio Roberto Gomide, ex-prefeito de Anápolis, amargou a quarta colocação, atrás até de Vanderlan Cardoso (PSB). Mais: elegeu apenas um deputado federal e manteve a bancada de quatro deputados estaduais.
Em seu melhor desempenho desde as eleições de 1982, o PT conquistou 17 prefeituras municipais, em outubro de 2012. Não custa lembrar: o Estado possui mais 229 cidades. Mesmo assim, as administrações do partido enfrentam crises políticas e econômicas. Goiânia é o exemplo das contradições das gestões.
A Prefeitura de Goiânia teria, hoje, uma dívida de quase R$ 1 bilhão para rolar. A receita caiu. A saída, ortodoxa, seria aumentar os impostos. Mesmo assim, ela sofreu derrotas políticas na Câmara Municipal. O que gerou desgastes políticos ao prefeito Paulo Garcia, cujo índice de aprovação popular, hoje, é baixo.
– Mas o cenário irá mudar!
É o que garante o presidente do PT em Goiânia, deputado estadual reeleito Luís Cesar Bueno. O reajuste do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) seria importante no processo de equilíbrio das contas públicas. Mas o ajuste fiscal executado por Jeovalter Correia pode apresentar resultados já em 2015.
A administração implementará a partir de fevereiro um pacote de obras e serviços para modernizar o município, garante o líder petista. A Prefeitura de Goiânia ampliará a sua capacidade de endividamento, o que permitirá a contração de empréstimos com o governo Federal, revela o parlamentar.
– O humor das ruas será outro ano que vem!
Com a derrota nas urnas de 5 de outubro de 2014, o PT traça estratégia para se fortalecer para as eleições municipais de 2016. A meta é pelo menos dobrar de 17 para 34 o número de gestões petistas. O foco é 2018. Antônio Roberto Gomide e Ceser Donisete, presidente estadual, já deflagraram a operação.
A ideia é manter sob o controle da legenda as administrações de Goiânia e de Anápolis, cujo prefeito João Gomes pode ser ungido à reeleição, e talvez, indicar, em aliança com o PMDB de Maguito Vilela, o ex-deputado estadual e vice Ozair José como nome natural à Prefeitura de Aparecida de Goiânia
Em Goiânia, dois nomes entram na bolsa das especulações petistas. O primeiro é o da deputada estadual eleita e delegada de polícia Adriana Accorsi. A mais votada do petismo ao Palácio Alfredo Nasser é jovem, sem escândalos em sua carreira e filha do ex-prefeito de Goiânia e ex-deputado estadual Darci Accorsi.
O segundo nome é do ex-reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG) Edward Madureira. Ele obteve expressiva votação para a Câmara dos Deputados, mas ficou com a primeira suplência. O PT reelegeu Rubens Otoni Gomide. Os dois dependem da evolução da gestão de Paulo Garcia, até então marcada por crises.
Em 2016, o quadro será outro, crê o controlador-geral da Prefeitura de Goiânia, uma espécie de xerife das contas públicas, que exerce ainda a função de ouvidor-geral do município e de corregedor. “Marconi Perillo enfrentou grave crise em 2012, o gestor recuperou o político e ele saiu-se vencedor”, avalia.
Luís Cesar Bueno quer que os aliados de Dilma Rousseff que fazem oposição ao Palácio das Esmeraldas indiquem os nomes para os cargos federais, em Goiás. Não há sentido adotar medida contrária, insiste. O coordenador da campanha presidencial da coalizão petista no Estado foi o médico Valdi Camarcio Bezerra.
– O governo federal manteve a estabilidade da economia, controlou a inflação, segurou o dólar, apesar do terrorismo do mercado da reta final da sucessão, ampliou o Bolsa Família e o ProUni, criou o Reuni, implantou o Minha Casa, Minha Vida e concedeu aumento real ao salário mínimo, com expansão do crédito
números do pt
1 É o número de cadeira na Câmara Federal do PT
4 É o número de deputados estaduais do PT
15 É o número de prefeitos do PT em Goiás
148 É o número de diretórios e comissões municipais do PT
17 É o número de cargos do PT no primeiro escalão em Goiânia
3 É o número de vereadores em Goiânia
Perfil
Nome: Ceser Donisete Pereira
Partido: PT
Cargo: presidente estadual
Funções: secretário de Comunicação Social de Anápolis
Tendência interna: PT Pra Vencer
Linhagem: socialdemocrata
Formação: advogado