Polícia Federal prende família que explorava goianas na Suíça

Publicado 15/01/2009

O deputado Luis Cesar Bueno (PT), autor da proposta de criar um Comissão Parlamentar Mista de Trabalho na Assembléia Legislativa para fiscalizar e propor maneiras de coibir o tráfico internacional de seres humanos, parabenizou o trabalho da Policia Federal de Goiás e a FedPol (Polícia Federal Suíça) que pretenderam nesta terça-feira,14, uma quadrilha com cinco pessoas, sendo três da mesma família, acusadas de formação de quadrilha e de  tráfico internacional de seres humanos. As vítimas eram mulheres, a maioria com idades entre 18 e 28 anos, aliciadas em São Miguel do Passa Quatro, Vianópolis, Anápolis e região e levadas para a Suíça com a falsa promessa de emprego como garçonete ou já cientes de que teriam de se prostituir. A quadrilha também pode estar envolvida no tráfico de bebês.

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Família explorava goianas na Suíça

Cinco pessoas foram presas ontem pela polícia federal acusadas de tráfico internacional de mulheres

Rosane Rodrigues da Cunha

Cinco pessoas, três delas da mesma família, foram presas ontem pela Polícia Federal (PF) acusadas de formação de quadrilha e de tráfico internacional de seres humanos. As vítimas eram mulheres, a maioria com idades entre 18 e 28 anos, aliciadas em São Miguel do Passa Quatro, Vianópolis, Anápolis e região e levadas para a Suíça com a falsa promessa de emprego como garçonete ou já cientes de que teriam de se prostituir. A quadrilha também pode estar envolvida no tráfico de bebês.

Em Anápolis, foram presos o suíço Mauro Giorgio Ballerini, Nájila Abrantes Tadei e os irmãos dela, Anderson e Nádia Abrantes Dias. As prisões aconteceram na casa de Nádia, que, em 24 de novembro passado, havia sido presa em flagrante em Senador Canedo, junto com o irmão Anderson, acusada de tentar comprar por R$ 20 mil um bebê recém-nascido, do sexo masculino, que também seria levado para a Suíça.

Em São Miguel do Passa Quatro, que seria o principal local de atuação da quadrilha, a polícia prendeu Joel Cuador, ex-marido de Nádia. Ela e Anderson, conhecido como Toninho Tunico e já com passagem pela polícia, também por estelionato, estavam em liberdade provisória.

Líliam, outra irmã dos Abrantes Dias, também é suspeita de participação na quadrilha, mas não teve a prisão decretada. Enquanto os agentes cumpriam os mandados de prisão em Goiás, em Lugano, no Sul da Suíça, agentes da FedPol (Polícia Federal Suíça) apreendiam documentos e comprovantes de remessa de dinheiro para o Brasil em quatro apartamentos do suíço Roberto Tadei.

Segundo o delegado da Polícia Federal Luciano Ferreira Dornelas, Tadei teria um casamento de fachada com Nájila e também faz parte da quadrilha. Ele seria responsável por gerenciar os programas de prostituição feitos pelas brasileiras aliciadas.

De acordo com o delegado, Tadei tem um mandado de prisão no Brasil e a Polícia Federal deverá pedir a prisão dele na Suíça. Um agente da FedPol acompanha a Operação Abrantes em Goiás e uma delegada e uma escrivã da PF estão na Suíça acompanhando a operação naquele país.

A polícia suíça interrogou Tadei ainda hoje. Uma possível vítima, que vive na Suíça, também será ouvida. A mulher pediu proteção para a família, que mora em Goiás. Ainda hoje, a Polícia Federal também começa a ouvir vítimas da quadrilha em São Miguel do Passa Quatro.

Luciano Dornelas declara que já há provas “robustas” da participação dos presos no tráfico de seres humanos, mas acredita que esses depoimentos vão dar detalhes da atuação da quadrilha, suspeita de agir desde 2004.

Patrimônio

“Com os depoimentos devemos saber, por exemplo, se a quadrilha agia há mais tempo”, diz o delegado, que investiga o caso há mais de quatro anos. As investigações começaram em 2004, depois que a polícia suíça suspeitou da movimentação de brasileiras no Bar Oceano, de propriedade de Roberto Tadei. Na época, a PF também recebeu denúncias de aliciamento de mulheres para prostituição. Em 2005, Luciano Dornelas chegou a ir a Suíça, mas não havia provas para a prisão de Tadei ou dos irmãos Abrantes Dias.

Segundo informações obtidas na Suíça, a região de Lugano é tradicionalmente ponto de prostituição de brasileiras. De acordo com o jornal La Regione, que circula na cidade, aproximadamente 400 mulheres brasileiras se prostituem na região. Ainda segundo informações do jornal, a maioria delas é de Goiás e são de cidades como Anápolis, São Luis dos Montes Belos, Guapó e São Miguel do Passa Quatro, entre outras.

O grupo preso ontem, de acordo com o delegado Luciano Dornelas, é considerado “meio escolado”, o que dificultava os flagrantes. Em novembro, a prisão de Nádia e Anderson pela Polícia Civil em Senador Canedo deu novo ritmo às investigações.

O caso foi encaminhado à Polícia Federal, que constatou que os Abrantes Dias continuavam envolvidos no tráfico de seres humanos. “Nádia disse à mãe da criança que trabalhava com o encaminhamento de pessoas para a Suíça”, observa Luciano Dornelas, ressaltando que os irmãos Abrantes não têm uma fonte legal de renda.

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NA HISTÓRIA

Polícia suíça já veio a Goiânia

Marília Assunção

Em 2005, Goiânia recebeu dois investigadores da Polícia de Zurique, a maior cidade da Suíça, que vieram averiguar as condições de vida, a situação econômica e social das mulheres goianas para amostras em termos comparativos com as suíças. É que o número de mulheres que se prostituiam nas cidades do país era um problema e chamava a atenção. No mesmo ano, a Polícia Federal prendeu Neiva Jacoby, a Gaúcha, acusada de aliciar (e cobrar 2 mil dólares) mulheres e travestis de Anápolis para a prostituição na Espanha, Portugal e Suíça. Só ela teria enviado mais de 200 pessoas.

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