Militantes do PT solicitam debate antes de definir estratégia eleitoral para 2008
Publicado 16/02/2008
Militantes e dirigentes do Partido dos Trabalhadores estiveram reunidos na sede do Diretório Metropolitano para apresentar um manifesto Construindo um Projeto Nacional (veja em http://ptemdebate.blogspot.com/ ) que defende a ampliação do debate em torno da sucessão municipal. O documento aponta na necessidade de o PT ouvir a militância para só depois definir sobre candidatura própria ou política de alianças em 2008.
O documento reúne mais de 400 assinaturas e será entregue à direção nacional do PT. Assinam também o documento o deputado estadual Luis Cesar Bueno, a ex-deputada federal Neyde Aparecida e os vereadores Carlos Soares e Djalma Araújo.
Luis Cesar Bueno defende a discussão sobre a composição e de um projeto para Goiânia – Goiás – Brasil não só para 2008, mas também para 2010, 2012 com um projeto de aliança nacional. “Queremos que os militantes sejam envolvidos no processo de discussão. O PT não está dividido, como alega alguns. Estamos debatendo internamente e ”, alega.
O movimento pró-aliança em Goiânia pretende acatar a orientação nacional do Partido dos Trabalhadores, que conta com o PMDB como um dos partidos da base de sustentação do governo Lula. Segundo Luis Cesar Bueno, o PT não precisa de candidatura apenas para marcar posição. “Queremos consolidar a base do Governo Lula e manter o espaço já conquistado”.
Tese:
TESE – CONSTRUINDO UM PROJETO NACIONAL
Em vinte e oito anos de história o PT sempre cultivou o debate como a manifestação soberana da construção política e da liberdade de expressão. É no debate que explicitamos nossas divergências e procuramos o consenso; seja pelo convencimento, seja pelo voto: sempre entendendo que um partido deve ter como princípio buscar o caminho da unidade. E é na unidade e nas conversas claras com a sociedade que nosso projeto torna-se transformador, vigoroso, coerente, convincente. Uma militância convencida pelo debate constrói marcas e coloca seu projeto coletivo no seio da sociedade. Esta é a cara do PT. Assim caminhamos até aqui e assim continuaremos trabalhando pelo terceiro milênio da sociedade brasileira. Nessa trajetória, o PT sempre teve como sua maior marca a melhoria das condições de vida do povo brasileiro – este é um compromisso registrado na sua certidão de nascimento, no dia 10 de fevereiro de 1980, no Colégio Sion, em São Paulo.
Erguido das lutas contra a ditadura, por melhores salários para a classe trabalhadora e por liberdades democráticas, o PT contribuiu decisivamente com os movimentos da anistia, diretas já, liberdade partidária, solidariedade a povos irmãos, inclusão dos excluídos, direitos dos trabalhadores, organização popular e comunitária, direitos da cidadania, promoção da igualdade e respeito à diversidade de credo, opinião, atitude, expressão e exercício ideológico. Protagonista dos maiores avanços do país, em 1983, foi o primeiro partido a iniciar a campanha por Eleições Diretas para Presidente. Foram os petistas, já em 1984, que puxaram o coro por uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana, e, finalmente, nos anos 1990, é do PT a palavra de ordem contra o Estado Mínimo e o pensamento neoliberal.
Respaldado pelos movimentos sociais e vocacionado para o poder, o PT foi ganhando espaço na sociedade. Em 1982 elegeu seus primeiros 8 deputados federais e dois prefeitos: Diadema (SP) e Santa Quitéria (MA). Vinte anos depois, Lula seria eleito presidente com 57,9 milhões de votos no primeiro turno. Nesta mesma eleição o PT elege 91 deputados federais, 14 senadores, 147 deputados estaduais e os governadores do Piauí, Acre e Mato Grosso do Sul. Nas eleições de 2004 chegaria a 411 prefeitos, 3.677 vereadores. Em 2006, Lula foi reeleito com a maior votação já dada a um presidente da República na história do Brasil: 58.295.042, ou 61% dos votos válidos.
As duas eleições do presidente Lula correspondem à dimensão de um projeto de nação que foi perseguido noutros tempos por presidentes como Getúlio Vargas (1930/1945 – 1951/1954), Juscelino Kubitschek (1956/1960) e João Goulart (1961-1964). Sob o protagonismo do PT, pelo exercício dos dois mandatos do presidente Lula, o povo brasileiro vem conquistando expressiva melhoria na qualidade de vida. São números alvissareiros, expressos na criação de 1,6 milhão de empregos com carteira assinada em 2007, crescimento de 5,2% do PIB, que juntamente com programas como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o Bolsa Família, possibilitaram que 20 milhões de brasileiros saíssem da linha de miséria, sendo que 6 milhões ascenderam da classe D para C, ou seja, ingressaram na classe média.
Somos hoje a sexta maior economia mundial. O Brasil é líder mundial na produção de alimentos, desponta em setores de alta tecnologia como os biocombustíveis, genética, produção de software, de automóveis; e caminha para se tornar uma das potências energéticas do século XXI. Aliada à produção de etanol e biodiesel, a Petrobrás, sob o governo Lula, alcançou a autonomia na produção de petróleo em 2006 e com a descoberta dos campos de Tupy e Tupy 2 na bacia de Santos, o país passa a ser detentor de uma reserva estimada em 12 bilhões de barris.
O Brasil que avança com o PAC, com as ferrovias Norte-Sul e Trans-nordestina, com a recuperação da malha viária, destacando-se as duplicações da BR-153 e 060; é também o país que quer consolidar a integração latino-americana com a ferrovia e a rodovia Atlântico-Pacífico, ligando o nosso país ao Chile, barateando as exportações para a China e Sudeste Asiático. A esperança que venceu o medo em 2002 projeta-se para além do mandato de 2010 e coloca-se no futuro com a implantação da TV Digital, a criação da TV Pública e a conquista da realização da Copa de 2014 no Brasil.
O PT está forte. Mas não governa sozinho o país, e mais que nunca, depende de alianças para consolidar o projeto do segundo governo do presidente Lula. E o projeto do segundo governo Lula é um projeto de nação. Pois, o sucesso do governo Lula é compartilhado pelos movimentos sociais, pelos trabalhadores, pelas comunidades, pelos partidos que dão sustentação ao campo socialista-democrático desde o nascimento do PT e pelos partidos que formaram o arco de alianças iniciado em 2003.
Agora é hora de ampliar e recompor o eixo de nossas alianças. Ampliar e diversificar porque a conjuntura nacional exige a construção de uma hegemonia óbvia para o governo Lula já. O PT é maior que seus filiados e nenhum projeto individual pode se sobrepor ao coletivo. É preciso, sob esta ótica, ter clareza dos desafios que estão por vir. E nossos dois maiores desafios nesse momento são: construir a hegemonia do governo Lula; e a partir dela, recuperar a unidade na ação e a retomada da construção partidária pelo debate amplo com a sociedade.
A derrota do governo na votação da CPMF fez soar o sinal de alerta. A oposição conservadora, que desde 2003 tenta desestabilizar o governo das forças populares, mantém firme o intento de fazer o Brasil retroceder da condição de protagonista para a de subalterno na ordem mundial. As políticas de distribuição de renda, redução de desigualdades regionais e de acesso aos bens de consumo e serviços, implementadas pelo governo Lula, desagradam profundamente aos neoliberais que, especialmente nos governos FHC, promoveram o desmonte do Estado brasileiro, garantindo o poder, pela concessão de migalhas e pela desinformação. Para eles, o inimigo é Lula, o PT, e tudo que este governo representa. A eles só interessa a desestabilização do governo Lula – mesmo que para isso tenham que tirar o dinheiro da saúde.
Ao contrário deles, o PT fortalece empresas estatais como a Petrobrás e o Banco do Brasil; investe nas Universidades Públicas e nas Escolas Técnicas Federais, distribui renda, promove o desenvolvimento, fortalece a economia e cumpre seu compromisso de governar para todos. O PT tem raízes, tem projeto histórico e tem militância para erguer-se, colocar-se junto e ser a coluna vertebral do presidente Lula – que goza de plena imagem positiva em todo o país. Mais que nunca, o PT e o governo Lula têm que unificar ao máximo seu projeto de alianças. E não há dúvida: a aliança possível é PT/PMDB, juntamente com seus parceiros e aliados históricos – PC do B, PDT, PSB e a base de sustentação do governo Lula.
O PT e o PMDB são trajetórias partidárias que têm plenas condições de colocar-se no centro democrático do terceiro milênio brasileiro. O PT é um partido de esquerda que pela sua vocação democrática, socialista e popular fez alianças e hoje exerce o segundo mandato do presidente Lula – dois mandatos que estão mudando a cara do Brasil. Em toda a sua história, o PT demonstrou que é um partido que “não se verga e não se quebra”. É um partido maduro que exerce sua vocação de conquistar o poder de forma democrática e governa, sempre, para a maioria da população. E que jamais se deixou não se deixa e nem se deixará levar pelo “canto da sereia” daqueles que combatem o nosso projeto e ainda insistem em desestabilizar e desmontar o Estado brasileiro.
O PMDB é o partido de centro que por sua vocação democrática e popular abrigou várias forças políticas de esquerda durante a ditadura militar, e hoje, é o fiel da balança na construção da necessária hegemonia do governo Lula. Ambos, PT e PMDB, são sujeitos decisivos para estabilizarmos o movimento de gestão do segundo mandato do presidente Lula e darmos novos passos no processo de promoção do desenvolvimento local sustentável para o Brasil, para seus estados, para suas cidades, para seus bairros, para suas aldeias, para seus quilombos, para suas comunidades.
ALIANÇA EM GOIÂNIA, GOIÁS E SUAS CIDADES.
Nossa trajetória está madura. O PT tem cara, tem projeto e governa o país. Em Goiás temos uma trajetória vitoriosa de posicionamentos com candidaturas próprias e também de alianças. Caminhamos democraticamente para atingir a maturidade de hoje. E é com essa maturidade, responsabilidade e desprendimento que devemos fazer avançar o processo político, as transformações sociais e retomar a essência daquilo para o qual o PT foi criado. Estamos buscando um posicionamento estratégico. E a estratégia eleitoral de 2008 passa pela união das forças progressistas no Estado; forças estas representadas pelos tradicionais aliados do PT e pelos partidos que compõe a base de sustentação do governo Lula no Congresso Nacional.
A coalizão que se estabelecer a partir da capital vai ser a principal protagonista do embate contra as forças fiéis ao neoliberalismo. A união da base aliada ao governo Lula, isolando os conservadores e negando-lhes a posição de centro político é o caminho mais produtivo para que o PT participe e colha frutos nas eleições municipais; e ainda influencie decisivamente, nas futuras sucessões estadual e pleito presidencial. Uma aliança vitoriosa em 2008 insere o PT no jogo político estadual e pavimenta o caminho para candidaturas petistas proporcionais e majoritárias também vitoriosas nos pleitos de 2010, 2012 e 2014.
Abrir mão de fortalecer o projeto nacional de alianças do PT em função de um caminho único local nesse momento histórico não nos parece a melhor hipótese para avançar com os processos de transformação social e exercício de construção partidária que precisamos iniciar já no PT de Goiânia e de Goiás. O PT de Goiás e de Goiânia tem uma conversa a ser refeita com a sociedade. Ocupamos o poder na capital por duas vezes com administrações vitoriosas, mas isso não significou um fortalecimento do partido. Há que se retomar o debate com a sociedade, a construção de uma proposta de desenvolvimento local sustentável, a formação política, a organização de núcleos comunitários de representação partidária, a recuperação de quadros e lideranças que se afastaram do partido e o despertar da juventude para o projeto de fortalecimento do PT.
O governo Lula iniciou um novo ciclo na sociedade brasileira. O segundo mandato é um grande começo de terceiro milênio e é preciso estar atento e com o olhar democrático aguçado. O PT é hoje o maior interessado em consolidar uma política de alianças com arco definido em todo o país porque cabe a ele a construção da hegemonia. Há um grande colapso nas relações políticas e é por isso que a disposição para alianças se faz imperativa. É na ação de uma aliança forte que vamos encontrar o debate com a sociedade e fortalecer o PT em Goiânia e em Goiás. É hora de projetar cenários possíveis, refletir e analisar a conjuntura política e eleitoral local, estadual e nacional, fortalecer a unidade partidária e atuar com foco nos resultados.
É hora de construir o PT do terceiro milênio. O PT que tem projeto nacional e responsabilidade local. O PT que faz alianças em cima de objetivos de construção de poder partidário para implementar a transformação social com democracia e posicionamentos firmes e claros. O PT que cumpre sua trajetória revolucionária e diversa: partido dos trabalhadores, dos intelectuais de esquerda, do movimento sindical organizado, dos trabalhadores rurais sem terra, dos movimentos comunitários, dos empresários, dos produtores rurais, dos negros, dos brancos, dos índios, dos mais diferentes povos e culturas que formam a nacionalidade brasileira, do movimento GLBT, das mulheres, dos portadores de necessidades especiais, dos excluídos da cidadania brasileira. Partido da juventude brasileira. Partido socialista-democrático.
O PT tem trajetória e pode, se assim decidir sua militância, disputar as eleições de 2008 sozinho. Mas acreditamos que este não é o melhor caminho. Nossa tarefa principal na conjuntura nacional e local, como dirigentes e militantes, é construir, na base aliada, uma ação que permita ao PT de Goiânia e de Goiás aglutinar forças, diversificar o debate, oxigenar suas relações na sociedade e participar do processo de construção hegemônica e consolidação do projeto estratégico do governo Lula, construindo nas eleições de 2008 a plataforma necessária para a disputa do nosso projeto nas eleições de 2010, 2012 e 2014.
Portanto, tem muito chão pra gente caminhar, conversar e construir uma maioria socialista-democrática neste país.
E vamos à luta.
Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão
Eu vou à luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e constrói
A manhã desejada
Aquele que sabe que é negro
o coro da gente
E segura a batida da vida o ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro
E apesar dos pesares ainda se orgulha de ser
brasileiro
Aquele que sai da batalha
Entra no botequim, pede uma cerva gelada
E agita na mesa logo uma batucada
Aquele que manda o pagode
E sacode a poeira suada da luta e faz a brincadeira
Pois o resto é besteira
E nós estamos pelaí…
Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão
Eu vou á luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e constrói
A manhã desejada
(Gonzaguinha).