Arrecadação é principal desafio

Publicado 21/08/2012

 As campanhas eleitorais, que ganham fôlego hoje com o início do horário eleitoral gratuito, contam com um fator que promete complicar a vida dos candidatos: a dificuldade em se conseguir recursos. O atual cenário da política goiana, com a sombra do escândalo envolvendo Carlinhos Cachoeira, a baixa intenção de votos apontadas nas pesquisas de opinião e a intensa fiscalização que tem sido realizada, tem afastado financiadores de campanha.

A avaliação é que eles não observam um cenário seguro para investir seus recursos em uma eleição que não tem despertado muita atenção dos eleitores. Segundo apurou a reportagem, uma das principais chapas para a eleição na capital tem enfrentado dificuldade até mesmo para estruturar o comitê eleitoral, que não conta com equipamentos e recursos humanos necessários.

Uma demonstração da dificuldade pode ser notada pelo que já foi gasto, segundo os dados apresentados pelas coligações ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No primeiro mês de campanha, os candidatos a prefeitos da capital gastaram cerca de R$ 33 mil. Como mostrou O POPULAR no dia 7 de agosto, este valor é metade do que foi utilizado pelos candidatos que concorreram ao mesmo posto em 2008.

Como as pesquisas apontam uma estagnação, uma alta parcela do eleitorado ainda sem posicionamento e uma grande diferença entre o primeiro candidato, o prefeito Paulo Garcia (PT), e os demais concorrentes, a lógica seria em uma campanha massiva a partir de um primeiro momento.

Presidente do PCdoB em Goiás, Fábio Tokarski confirma a dificuldade e aponta o clima “frio” da atual eleição para justificar a situação enfrentada pela campanha que tenta levar Isaura Lemos ao Paço Municipal. “Há um receio de certos setores que têm condições de contribuir. O próprio ambiente de pouco debate de propostas faz com que fique um clima frio.” Para driblar a dificuldade, o presidente do PCdoB diz que a sigla fará dois jantares para arrecadar recursos, um quinta-feira e outro dia 15 de setembro. “É quando amigos, profissionais liberais e pequenos empresários ajudarão na campanha”.

Tokarski cita ainda o sistema de financiamento privado das campanhas como complicador para algumas coligações conseguirem recursos. “Sempre consideramos que a regra faz com que grandes grupos interfiram na campanha, fazendo com que os que detém as máquinas administrativas tenham maiores facilidades. Por isso defendemos o financiamento público de campanha.”

Nem mesmo a máquina administrativa da Prefeitura tem garantido recursos para a reeleição do prefeito, comenta-se nos bastidores. Fontes ligadas ao Paço afirmam que empresários têm mostrado resistência em financiar a campanha liderada pelo petista.

O problema seria a dificuldade e atrasos no pagamento de contratos já realizados com a Prefeitura, o que estaria deixando os empresários sem recursos em caixa. Tal situação, comenta uma fonte, teria feito as negociações com empresários serem direcionadas ao ex-prefeito Iris Rezende, que tem recebido empresários em sua casa.

O presidente do Diretório Municipal do PT e deputado estadual pela legenda, Luís César Bueno, confirma a dificuldade em conseguir recursos. O motivo, aponta, seria o atual contexto da política goiana. “Os empresários estão muito ariscos. Está difícil conseguir doações. O cerco está forte. Todas as campanhas estão sem dinheiro”.

Na política desde meados dos anos 1980, o presidente municipal do PT diz não se lembrar de uma situação como a atual. “Não tenho conhecimento de uma campanha como esta, sem dinheiro.” Com a escassez de recursos, os candidatos estariam poupando os recursos para a reta final da campanha.

IMPEDIMENTOS

Luís César Bueno cita ainda os impedimentos impostos pela Justiça Eleitoral para doações de pessoas físicas, que podem doar 10% do rendimento bruto declarado à Receita Federal no anterior à eleição. “A legislação é muito restritiva em relação a doações. Eu só posso doar R$ 20 mil para o Estado inteiro”, diz, em referência à sua base eleitoral.

O tesoureiro da campanha de Simeyzon Araújo (PSC), Sérgio Sintra, também diz que está com dificuldades para angariar recursos e aponta a atual conjuntura política do Estado como motivo. “Isso se deve ao descrédito que as pessoas estão vivendo.”

Segundo ele, a campanha terá que ser reavaliada devido à dificuldade em se encontrar recursos. “Estamos tendo que nos readequar. O pessoal está esperando o início da campanha eleitoral para ver como a população vai reagir.” A reportagem tentou entrar em contato com coordenador-geral da campanha de Jovair Arantes, Armando Vergílio, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

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