Após mal-estar, deputados da oposição buscam unidade

Publicado 01/04/2013

Fragilizada por conta de defecções estimuladas pelo governo e desentendimentos públicos quanto a candidaturas para a disputa eleitoral de 2014, a bancada de oposição na Assembleia Legislativa tenta retomar o fôlego e a unidade do grupo promovendo uma série de caravanas pelo Estado.

A falta de consistência da bancada ficou evidente após uma série de eventos este ano que geraram desgastes no grupo, como as retiradas de assinaturas de Simeyzon Silveira (PSC) e Paulo Cezar Martins (PMDB) do requerimento que propunha instalação de quatro CPIs para investigar o governo e da rejeição de 30 votos a seis ao pedido do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para abrir processo contra o governador tucano Marconi Perillo.

Os partidos adversários do Palácio das Esmeraldas também andaram se estranhando por conta da discussão sobre a cabeça de chapa para a eleição a governador no próximo ano e pela saída do ex-vereador de Itumbiara Gugu Nader do PMDB para se filiar ao PT, o que foi considerado pelos peemedebistas uma afronta, já que o partido o tinha como principal liderança no município.

Antes de iniciar as caravanas pelo interior a oposição se encontrará com os prefeitos de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB), e de Anápolis, Antônio Gomide (PT). Depois se reunirão com Paulo Garcia (PT), Iris Rezende (PMDB), Júnior Batista (PSB) e Vanderlan Cardoso (sem partido) – em encontros distintos.

Nos municípios, irão fiscalizar, por exemplo, a situação da saúde, da educação, segurança pública e infraestrutura, visitando órgãos públicos e unidades do Estado.

Apesar do objetivo da iniciativa, a falta de unidade continua evidente. Presidente do PMDB goiano e deputado estadual, Samuel Belchior afirmou ontem à reportagem que desconhecia o projeto. Ele declarou ter ouvido dizer somente que a bancada iria fazer um movimento de fiscalização. “Iris de Araújo (deputada federal) já falou em fazer uma caravana com membros do PMDB. Mas desse encontro político (da oposição) não tenho conhecimento”, afirmou.

As viagens nas quartas-feiras podem resultar em problema para os deputados, já que neste dia eles têm sessão plenária. De acordo com o deputado Karlos Cabral (PT), a data não será impedimento. Ele explica que irão conciliar os horários e que as visitas serão feitas depois de encerrado o expediente. “A data ajuda por ser um dia em que todos os deputados estão na cidade”, argumenta. Entretanto, há dias em que as sessões são estendidas até à noite.

O deputado Mauro Rubem (PT), que participou da reunião da bancada, quando os últimos detalhes do movimento foram acertados, defende que o fato de alguns parlamentares votarem com o governo não descredencia a oposição. O petista avalia que as “puladas de cerca” são naturais. “Claro que é importante ter unidade, mas alguns fazem a opção de trair os companheiros e até aqueles que os elegeram”, alfineta. Ele diz que levará o relatório da CPI de Cachoeira nas viagens para mostra-lo aos goianos.

Luis Cesar Bueno (PT) frisa que tão importante quanto a articulação política é unificação da atuação dos deputados na Assembleia. Ele defende uma oposição sistemática e combativa e critica seus pares. O ideal, segundo o petista, seria a unidade e o voto em bloco. “Não quero condicionar uma coisa a outra. Esses encontros são muito importantes, porém a unificação também”, pontuou, completando que para isso “é preciso um grande desprendimento”.

 

 
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