Está difícil definir os quadros
Publicado 08/11/2015
Em vez de afunilar nos últimos meses, o quadro para a sucessão da Prefeitura de Goiânia está mais embolado a menos de um ano da disputa eleitoral. A falta de nomes que conseguem aglutinar os grupos políticos e as mudanças no calendário eleitoral – que permitem filiação seis meses antes das eleições e a escolha dos candidatos nas convenções até 5 de agosto – favorecem a demora nas definições.
Separados em três grupos, a situação, a oposição e os ditos “independentes” ainda têm muitas opções de caminhos. Na base do prefeito Paulo Garcia (PT), os dois principais partidos – PT e PMDB – reforçam os sinais de que podem não manter a aliança que começou nas eleições de 2008.
O distanciamento foi reforçado recentemente com a ausência do ex-governador Iris Rezende (PMDB) nas inaugurações e comemorações promovidas pelo Paço pelo aniversário de Goiânia. Iris, que é pré-candidato a prefeito, alegou não ter sido convidado. A assessoria de Paulo Garcia afirmou que houve convite por e-mail. Para quem afirmava manter conversas semanais com o peemedebista, o gesto do prefeito sinaliza o afastamento.
Diante dos acenos do PMDB para o DEM – que apoiou Iris na disputa estadual do ano passado – e a desconfiança dos peemedebistas sobre a melhora da popularidade do prefeito, o PT tem repetido que está preparando uma candidatura. O partido cita cinco nomes como opções. A mais cotada é a deputada estadual Adriana Accorsi, mais votada do partido, que contaria com o apoio de Paulo Garcia.
As poucas opções para alianças, as dificuldades enfrentadas pela gestão municipal e a crise política nacional, com grande desgaste do PT no País, são minimizadas pela direção do partido na capital. O presidente do diretório municipal, deputado estadual Luis Cesar Bueno, diz que a sigla está realizando reuniões frequentes e vai trabalhar para ter um nome na disputa. “Governamos três das maiores cidades do Estado – Goiânia, Anápolis e Valparaíso. Governamos o Brasil. Seria de extrema insensatez não termos um candidato a prefeito.”
Luis Cesar diz que a aliança com o PMDB “anda muito abalada, aqui e nacionalmente”, o que reforça a busca por um caminho solo do PT. A aproximação do partido com o DEM também é usado como argumento. “Não vamos ficar a reboque.”
Iris Rezende não admite nem descarta pré-candidatura e aparece pouco, mas é tido como o nome do partido por todos os correligionários. Prefeito de 2005 a 2010, teve boa aprovação nas gestões e tem recall para liderar as pesquisas.
Nos questionamentos sobre a manutenção da aliança com o PT, ele sempre desconversa. Enquanto isso, parte dos aliados defende união com o DEM. A direção municipal diz que é cedo para definições, mas que acredita na capacidade de Iris em aglutinar tanto o DEM como o PT na mesma coligação. Os dois partidos refutam a ideia.
Perdas
Fortalecido no primeiro semestre depois de garantir a expulsão do empresário José Batista Júnior, o Júnior Friboi, do PMDB, Iris sai enfraquecido do processo de eleição do diretório estadual do partido. A sigla, que é a maior do Estado em número de filiados, está sem presidente há mais de uma semana, em meio às divergências internas para definição do comando.
Um dos candidatos a presidente, o deputado federal Daniel Vilela conseguiu barrar na Justiça o processo sucessório e articula para assumir o partido. Isso representa perdas para o grupo de Iris, que podem impactar na mobilização da sigla em favor de sua candidatura.