PSDB tenta se colocar no páreo

Publicado 11/10/2012

 O PSDB goianiense enfrentou o desafio, na última semana, de transformar a intenção de uma candidatura própria à prefeitura de Goiânia em uma real ação. Diante da incógnita do senador Demóstenes Torres (DEM), que não definiu se será candidato em 2012, os tucanos na capital se movimentaram, sinalizaram que têm mais de um pré-candidato e se colocaram como contraponto ao prefeito Paulo Garcia (PT), que deva disputar a reeleição.

O movimento mais observado e que provocou reação foi o do presidente diretório estadual, Paulo de Jesus, que fez críticas diretas à gestão petista em Goiânia. O tucano condenou a construção do túnel na Avenida Araguaia, obra que faz parte da reforma do Parque Mutirama. “O túnel do Mutirama daria para comprar dez Cmeis (Centros Municipais de Educação Infantil)”, disse.

Paulo de Jesus foi ainda mais duro nas críticas e resgatou as ações feitas pelo ex-prefeito Nion Albernaz (PSDB). “Não queremos colocar um filiado nosso para ganhar eleição e depois não dar conta de fazer o trabalho de aglutinação política com a sociedade civil, com os segmentos sociais. Fica aí fazendo canteiros de Avenida e se esquece de fazer outras propostas como, por exemplo, a Maternidade Cidadão na Região Noroeste, como o Nion Albernaz fez”.

O tucano ainda comentou sobre a decisão do prefeito Paulo Garcia de concordar em destinar R$ 215 milhões do PAC Mobilidade para o projeto do governo de implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) no Eixo-Anhanguera. “Não estou criticando o prefeito de Goiânia… A cidade que está concedendo o aval, e não o prefeito”, completou o presidente do PSDB estadual.

Os petistas foram a público responder as declarações do tucano. O secretário municipal de Esporte e Lazer, Luiz Carlos Oro, disse que viu nas declarações um “cunho político”. “Não podemos misturar as coisas, recurso da educação é carimbado e previsto constitucionalmente, mas a cidade também precisa do Mutirama. Hoje o que está em projeto, está sendo viabilizado”, declara.

Já o prefeito Paulo Garcia evitou polemizar. Disse que a obra do Mutirama será importante para a Capital e alfinetou ao dizer que não conhecia o presidente estadual do PSDB, que é o segundo suplente na chapa de Marconi Perillo ao Senado em 2006.

“A obra do Mutirama está incomodando e vai incomodar ainda mais. Eu acredito que o presidente do PSDB, que com toda sinceridade, eu não sei quem é, ele deve estar preocupada e falando sem conhecimento de causa, disse o prefeito na quinta-feira, durante uma visita ao Residencial Jardins do Cerrado VII, onde houve a apresentação de conjunto habitacional.

O deputado Luis César Bueno (PT), líder da oposição na Assembleia Legislativa, partiu em defesa de Paulo Garcia. O petista rebateu as declarações do tucano ao lembrar dos gastos em Educação nos dois governos de Marconi Perillo (1999-2006).

“Durante os governos de Marconi, não há a tradição de respeitar a Constituição Federal e aplicar 25%, que é estabelecido em lei na educação, enquanto em Goiânia aplica-se 30%. Faça também um comparativo no quadro de salários. Compare os salários da Prefeitura de Goiânia com os salários da rede do Estado. Compare a qualidade de ensino da rede municipal de Goiânia com a rede do Estado”, disse.

Pré-candidatosAlém de partirem para o ataque, os tucanos aproveitaram para reforçar os nomes de possíveis postulações à sucessão de Paulo Garcia no Paço , Municipal. Na semana passada, o deputado estadual Fábio de Sousa, vice-presidente da Assembleia, deu início ao projeto de fortalecimento de seu nome para essa fase de pré-campanha.

O parlamentar, com apoio de professores, empresários e integrantes do governo Marconi Perillo, trabalhar para construir um projeto para a Capital e que seria a plataforma administrativa do plano de governo do tucano. A intenção de Fábio de Sousa, explicita no primeiro semestre, é discutir os principais problemas da Capital com os diversos setores da sociedade organizada e com a população goianiense.

O deputado, que também é presidente do diretório metropolitano, trabalha sua candidatura desde o início do ano. Entre os tucano é o que mostra mais empolgação com a possibilidade de sair candidato à prefeitura da Capital no próximo. “Meu sonho é ser prefeito de Goiânia. Temos um grupo que pode revolucionar a administração municipal”, garante.

Para fortalecer seu nome, o tucano também lança mão do argumento que o PSDB ficará 16 anos de fora de uma disputa ao Paço Municipal. “Serão 16 anos desde que o PSDB ganhou sua última eleição em Goiânia (com Nion Albernaz, em 1996) e 12 da última candidatura (Lúcia Vânia, em 2000). Estamos perdendo espaço na capital e como presidente do partido vou brigar para que o PSDB tenha candidato próprio”, defendeu.

Além de Fábio de Sousa, quem buscou dar sinal de vida para sucessão do próximo ano, foi o deputado Túlio Isac. O líder do PSDB na Assembleia já era cotado, mas pesquisa publicada na semana passada motivou Túlio a comunicar o governador Marconi Perillo, antes de solenidade do Palácio Pedro Ludovico na tarde de quinta-feira, 22, que também é pré-candidato.

Coincidentemente a decisão de se colocar como pré-candidato ocorreu no um dia depois da decisão do juiz da 3ª Vara da Fazenda Pública Estadual, Ari Ferreira de Queiroz, de acatar a ação por improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Estadual contra o deputado Túlio. Na quarta-feira, 20, o magistrado rejeitou os argumentos iniciais apresentados pelo tucano.A ação civil pública se refere ao período que Túlio foi secretário Extraor­dinário de Comuni­cação, no governo Alcides Rodrigues, no qual, por meio de sua empresa, Top Produ­ções e Publicidade Ltda., manteve contrato com a Agên­cia Goiana de Comuni­cação (Agecom), mesmo com dívidas de cerca de R$ 200 mil com o órgão estadual. O contrato trata de compra de espaço na grade da Televisão Brasil Central (TBC) para o programa apresentado pelo deputado, Cidade Esperança.

Mesmo com um pré-candidato respondendo processo por improbidade administrativa na Justiça o PSDB continua a sinalizar que não vai ficar de fora das negociações para a sucessão do próximo ano. As movimentações da semana passada mostram que os tucanos vão vender caro a vaga na cabeça de chapa dos partidos aliados do governador e que estará ainda mais vivo na oposição à gestão petista. O desafio ainda é encontrar um projeto e um nome que faça frente a aliança PMDB-PT na cidade, partidos que administram a cidade desde 2001.

+ Notícias